* LE FORZE DELLA KFOR SE NE DEVONO ANDARE DAL KOSOVO
Intervista all'ambasciatore jugoslavo a Lisbona
(in lingua portoghese)
* L'UCK UCCIDE UN SERBO AL GIORNO
Intervista al responsabile del Centro per la Pace e la Tolleranza
di Pristina, a cura di M. Collon (in lingua inglese)
===
STOP NATO: NO PASARAN! - HTTP://WWW.STOPNATO.HOME-PAGE.ORG
FRY ambassador in Lisboa explains Yugoslav intentions of claiming
KFOR's leave.
---------
http://www.expresso.pt/ed1429/i264.asp?il
«Vamos exigir a retirada das forças internacionais»
A COMUNIDADE internacional não é capaz de controlar a situação no
Kosovo, diz o embaixador da Jugoslávia em Lisboa, Danilo Vucetic, que a
acusa de não querer discutir a questão-chave do futuro estatuto político
da
província. Se nada mudar, a Jugoslávia vai pedir a saída das forças
internacionais.
EXPRESSO - Um ano depois do início da guerra, a situação nos Balcãs
continua instável, e o Kosovo não está pacificado. Porquê?
Danilo Vucetic
DANILO VUCETIC - Sempre insistimos que a intervenção da NATO não
poderia resolver o problema do Kosovo, que era político e só por essa
via
pode ser resolvido. Os refugiados albaneses regressaram, mas foram
expulsos 300-350 mil pessoas, entre sérvios, ciganos, turcos... Há uma
limpeza étnica. No província, vivem hoje 30-40 mil sérvios, basicamente
no
Norte, na cidade de Mitrovica, e em enclaves.
EXP. - Como a explica?
D.V. - O desarmamento da organização separatista e terrorista, o dito
Exército de de Libertação do Kosovo (UCK), não foi levado a efeito, tal
como previa a resolução 1244 do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, o documento base para a resolução do conflito do Kosovo. O UCK
foi transformado num Corpo de Protecção, que apenas camufla a sua
existência. O seu objectivo primordial mantém-se: um Kosovo etnicamente
limpo, um passo para a independência.
EXP. - O conflito tem-se extremado em torno da cidade dividida de
Mitrovica. Qual é a solução?
D. V. - Ninguém é a favor de cidades divididas. Mas não podemos falar da
preservação da composição multiétnica só numa parte da cidade, quando
no resto da província há limpeza étnica. É obrigação da comunidade
internacional cumprir a sua missão, e ela tem todas as condições para
influenciar o comportamento dos grupos extremistas albaneses e criar as
condições para que os refugiados regressem.
EXP. - Já houve contactos com Belgrado?
D. V. - Nunca, e é um dos erros. Prepara-se o recenseamento da
população, quando há 300-350 mil refugiados e sabe-se que 150 a 200 mil
pessoas entraram no Kosovo e não são cidadãos da província. As eleições
locais devem s
er organizadas com uma situação de segurança estabilizada. O chefe da
missão da ONU prepara uma Constituição, mas a propriedade das famílias
que foram obrigadas a fugir foi dada a outros. Não se fala da questão
chave, que
é o futuro estatuto político. Bernard Kouchner tenta cortar todos os
laços do Kosovo com a Jugoslávia e a Sérvia e prepara a situação para
eventualmente no futuro ser decretada a independência política.
EXP. - Que pretende a Sérvia para a próxima revisão do mandato da ONU?
D.V. - Se não for resolvido o problema da segurança, a Jugoslávia vai
exigir a retirada das forças internacionais do Kosovo. Há que fazer
alguma coisa. Qualquer solução que garanta a segurança é aceitável, só a
independên
cia é que não.
EXP. - E entrariam de novo as Forças Armadas Jugoslavas no Kosovo?
D.V. - Consideramos que podemos assegurar a paz e a segurança no Kosovo.
Talvez alguns elementos e o UCK queiram desafiar as forças de segurança.
Antes da entrada da NATO, havia problemas, mas a situação, do nosso
ponto d
e vista, era mais estável do que agora. Agora, no Sul da Sérvia,
praticamente repete-se o mesmo cenário: cria-se uma organização, os
membros chegam do Kosovo, do sector leste, sob controlo americano,
começam actos terrori
stas, atacam forças policiais, com o óbvio objectivo de limpar
etnicamente a região que fica ao lado do Kosovo.
EXP. - Prepara-se uma nova guerra?
D.V. - Temos dúvidas sobre o comportamento desses grupos albaneses. Há a
convicção que há certos interesses exteriores, que incitam à violência.
Em 1998, quando começaram os confrontos, não foram acções espontâneas,
mas e
m ligação com certos serviços no exterior. Agora, quando presença
internacional é tão forte, o facto de surgir uma organização que actua a
partir do Kosovo e que entra nessa zona, é obvio que o faz sob tácita
permissão de
ssas forças. Por causa disso, consideramos que factores internacionais
que estão incluídos na crise têm possibilidade de influenciar de maneira
determinante esses grupos. Porque permitem isto? Porque surge agora esse
movi
mento, quando a situação no Kosovo ainda não está estabilizada? É
território sérvio, temos o direito de combater o terrorismo, tal como
qualquer outro país.
EXP. - Mas a comunidade internacional acusa os extremistas de ambos os
lados de fomentar a tensão...
D.V. - Porque não se tem a coragem de dizer quem é responsável. Usa-se
uma explicação vaga, responsabilidade dos dois lados, mas não que a
responsabilidade é da parte albanesa. É fugir da realidade. E os
extremistas alban
eses interpretam esse comportamento como um apoio às suas ambições.
EXP. - Falemos do Montenegro, a quem a Sérvia decretou um bloqueio
económico. Porquê?
D.V. - As relações entre os dois membros da Federação não são ideais, há
divergências, mas é uma questão da política interna. Quanto ao embargo,
existem medidas dos dois lados, só que sente-se mais do lado do
Montenegro,
porque é mais dependente. A produção agrícola é muito importante para a
situação económica e social da Sérvia e por isso o Governo financia
certos produtos. No Montenegro, havia uma certa tendência para exportar
esses pro
dutos de primeira necessidade para outros países (Albânia, Bósnia,
Macedónia), a preços duas-três vezes mais elevados. Por essa razão
Belgrado limitou a exportação para o Montenegro, enviando apenas aquilo
que se consider
a ser suficiente e não como antes, em que se podia comprar tudo na
Sérvia e depois exportar.
EXP. - Mas a par do bloqueio económico, há questões ligadas à emissão de
programas televisivos que o Montenegro considera incitadores à tensão,
incidentes ligados à permanência e tipo de actividade do Exercito
Jugoslavo..
. A tensão está a ser levada até ao limite. Qual é esse limite,
sabendo-se que o Montenegro já fez saber que se não lhe for dado
determinado espaço de autonomia, poderá ir até à independência?
D.V. - O Montenegro é uma República que, segundo a Constituição, tem o
direito a fazer as suas opções dentro e fora da Federação. Não lhe posso
dizer qual será o resultado, mas há uma via constitucional a seguir. No
iníci
o de 1992, houve um referendo, no qual os montenegrinos optaram por
ficar na Jugoslávia. Poderá eventualmente haver um novo referendo. Mas
no Montenegro existe uma polarização sobre o assunto, os partidos falam,
há diverg
ências, e o Governo ainda não optou por essa via. Estamos próximo das
eleições, talvez elas clarifiquem o problema.
Quanto às Forças Armadas Jugoslavas, a sua presença no Montenegro é
totalmente legítima. O incidente de Podgorica, em que as FA ocuparam o
aeroporto, tem a ver com o facto de se tratar de um terreno que é sua
propriedade,
e onde se queria construir instalações para as forças de segurança do
Montenegro. As FA reclamaram a autorização do Governo federal para isso.
No fundo, são também problemas de uma Federação.
EXP. - A Federação jugoslava é particular, na prática só existe no
papel: o Governo federal governa na Sérvia, e o Governo do Montenegro
não aceita a sua autoridade...
D.V. - Temos um Governo federal chefiado por um montenegrino e diversos
ministros também. Ele tem maioria no parlamento federal. O governo do
Montenegro diz, todavia, que deve ser ele a designar o primeiro-ministro
federa
l. Não é uma situação feliz, é verdade.
EXP. - O Presidente jugoslavo, Slobodan Milosevic, aceitaria a
independência do Montenegro?
D.V. - Numa entrevista recente, Milosevic disse que o povo montenegrino
tem todo o direito de decidir o seu futuro, mas que temos uma
Constituição - que pode ser corrigida, mas que também deve ser
respeitada. A posição é
clara: o Montenegro é uma República, foi no passado um Estado
independente, tem o direito de decidir o seu futuro. Mas a situação no
Montenegro é complicada, há uma polarização sobre esse assunto. O
Presidente montenegrin
o, Milo Djukanovic, diz que boa parte dos cidadãos da república não
aceita a ideia da independência, o que tem de ser levado em
consideração. É uma análise realista. A situação ainda não está madura.
EXP. - Essa polarização passa pela fractura étnica entre sérvios e
montenegrinos?
D.V. - Não. No Montenegro há gente que se considera sérvia - é a velha
questão se existe ou não nação montenegrina. Oficialmente existe. É uma
polarização face à questão da independência ou não, e a população sérvia
não o
pode decidir. Num referendo, só poderiam votar os cidadãos do
Montenegro (sérvios e montenegrinos).
EXP. - Vai haver eleições na Sérvia. O Governo vai aceitar as
reivindicações da oposição?
D.V. - O calendário prevê para este ano eleições locais e federais e, em
2001, eleições na Sérvia. Não vejo agora sinais para eleições
antecipadas. Estou a interpretar aquilo que pressinto, não há
declarações oficiais.
EXP. - Permanece um mistério os sucessivos assassínios, o último deles o
ministro da Defesa. Como foi possível?
D.V. - Até agora não há resultados conhecidos da investigação. Foi um
atentado feito por profissionais e, por isso, também não é fácil
fazê-la.
EXP. - Qual é a situação económica da Sérvia?
D.V. - Muito complexa, mas poderia ter sido pior. Houve esforço muito
grande para reconstruir algumas infra-estruturas de primeira necessidade
e
enfrentar o Inverno. Reconstruíram-se pontes e centrais eléctricas,
estamos
agora na segunda fase. Achamos que a comunidade internacional deve
participar nessa reconstrução - há, aliás, uma queixa no Tribunal
Internacional, na qual a Jugoslávia reclama uma indemnização pelas
infra-
estruturas destruídas.
EXP. - A União Europeia diz que parte da sua ajuda não chegou aos
destinatários...
D.V. - A UE faz uma ajuda selectiva. Do ponto de vista ético, é difícil
de
aceitar que só se dê ajuda às Câmaras da oposição. Em princípio, essa
assistência não devia ser assim restrita. Mas esses problemas estão
normalizados.
L.M
===
-------------------------
Via Workers World News Service
Reprinted from the March 23, 2000
issue of Workers World newspaper
-------------------------
Interview in Kosovo
'Every day KLA terrorists kill a Serb'
Following are excerpts from an interview with Zoran Andjelkovic, head of
the
Center for Peace and Tolerance in Kosovo. Michel Collon, correspondent
of
Solidaire, the weekly newspaper of the Workers Party of Belgium,
conducted
the interview in Yugoslavia on Feb. 20. It was translated from the
French by
Paddy Colligan.
MC: Was your Center for Peace and Tolerance created to defend the Serbs?
ZA: No, it was set up earlier than that--during the summer of 1998--to
promote harmony among the various nationalities. Its first action, in
September 1998, was to bring humanitarian aid to Albanians fleeing from
the
region of Decani because of confrontations between the separatist KLA
and the
police. We helped them go back to their homes.
MC: And since NATO occupied Kosovo?
ZA: The Serbs no longer had anyone to help them, not the government, nor
the
army, nor the police. They could only turn to KFOR. But when they called
and
asked for help, the Albanian interpreters immediately hung up the
telephone.
MC: Are there still Serbs in Kosovo?
ZA: That varies by region. In the major cities of the south--Pec,
Prizren,
Decani--none. They have all been kicked out.
There are still a few villages that are completely isolated and
encircled.
And Orahovac, a big enclave, or let's call it a ghetto, where 2,000
Serbs are
shut in and cut off from everything. Yesterday I learned that they
burned
down two houses, right inside the enclave.
The KLA wants to eliminate them completely; the Serb population has been
cut
in half in recent months. Near Gnjilane in the American sector, there
are
still a few hundred Serbs in the villages. Yesterday two were killed.
They
were shot in the back trying to go to a gas station.
Forty thousand Serbs were living in Pristina, the capital. Now there are
scarcely 400, and they are forced to stay in their apartments because
there
have been a lot of murders.
Kosovska Mitrovica is now the only multi-ethnic city. It is the only
region
[about one-sixth of Kosovo] where the Serbs have managed to stay on. But
the
KLA wants to chase them out in order to complete "cleansing" the
province.
MC: Also because this region has the rich mines of Trepca?
ZA: Of course. The mines are in the southern sector [Albanian] of
Mitrovica.
But the processing plants, which are essential, are in the north. The
KLA
wants to control everything.
MC: NATO declared that it wants to establish a multi-ethnic Kosovo.
ZA: I think it would take a major effort to move towards a multi-ethnic
Kosovo. But they are not talking about a multi-ethnic Kosovo anymore.
[Interruption. He receives a call on his portable phone.] There it is!
KFOR
just took over the Serbian University of Mitrovica. They broke doors and
windows, destroyed documents. A big demonstration by the KLA has been
announced. I fear for the worst.
You know, there are people who were killed after I persuaded them to
stay.
That is terrible to live with.
MC: Doesn't KFOR protect the Serbs?
ZA: I took [British] General [Michael] Jackson to Serb gatherings many
times.
He listened to their grievances. But he has not taken care of one of
their
demands. KFOR would have been able to keep a lot of Serbs in Pristina
just by
protecting a hundred buildings. I asked him to. Jackson answered me: "I
don't
have enough soldiers to put in every building."
In reality, the decisions aren't made here, they are made in Washington.
MC: In sum, NATO hardly seems to be a "force for peace."
ZA: Today, no one is still talking about a political solution. But today
the
most basic rights of the Serbs are trampled on. Every day a Serb is
killed by
the KLA terrorists. Some 800 people have been kidnapped. How many of
them has
KFOR found? Not one.
MC: Is this because KFOR hasn't been able to control the KLA?
ZA: KFOR doesn't want to control the KLA. When the KLA was unable to
kick the
Serb workers out of the factories, it was KFOR itself that took care of
it.
It took control of the business "because of problems with the rules."
MC: Are the rivalries between the major Western powers being brought out
as
they try to corner the riches of Kosovo?
ZA: [Yes], the British, for example, have chosen to focus on the
electric
generating industry. Now they say that it would be too costly to invest
there
and they would rather appropriate the Mitrovica mines [in the French
sector].
MC: What do you see for Kosovo's future?
ZA: [After a deep sigh] No one can answer that.
--------- COORDINAMENTO ROMANO PER LA JUGOSLAVIA -----------
RIMSKI SAVEZ ZA JUGOSLAVIJU
e-mail: crj@... - URL: http://marx2001.org/crj
http://www.egroups.com/group/crj-mailinglist/
------------------------------------------------------------
Intervista all'ambasciatore jugoslavo a Lisbona
(in lingua portoghese)
* L'UCK UCCIDE UN SERBO AL GIORNO
Intervista al responsabile del Centro per la Pace e la Tolleranza
di Pristina, a cura di M. Collon (in lingua inglese)
===
STOP NATO: NO PASARAN! - HTTP://WWW.STOPNATO.HOME-PAGE.ORG
FRY ambassador in Lisboa explains Yugoslav intentions of claiming
KFOR's leave.
---------
http://www.expresso.pt/ed1429/i264.asp?il
«Vamos exigir a retirada das forças internacionais»
A COMUNIDADE internacional não é capaz de controlar a situação no
Kosovo, diz o embaixador da Jugoslávia em Lisboa, Danilo Vucetic, que a
acusa de não querer discutir a questão-chave do futuro estatuto político
da
província. Se nada mudar, a Jugoslávia vai pedir a saída das forças
internacionais.
EXPRESSO - Um ano depois do início da guerra, a situação nos Balcãs
continua instável, e o Kosovo não está pacificado. Porquê?
Danilo Vucetic
DANILO VUCETIC - Sempre insistimos que a intervenção da NATO não
poderia resolver o problema do Kosovo, que era político e só por essa
via
pode ser resolvido. Os refugiados albaneses regressaram, mas foram
expulsos 300-350 mil pessoas, entre sérvios, ciganos, turcos... Há uma
limpeza étnica. No província, vivem hoje 30-40 mil sérvios, basicamente
no
Norte, na cidade de Mitrovica, e em enclaves.
EXP. - Como a explica?
D.V. - O desarmamento da organização separatista e terrorista, o dito
Exército de de Libertação do Kosovo (UCK), não foi levado a efeito, tal
como previa a resolução 1244 do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, o documento base para a resolução do conflito do Kosovo. O UCK
foi transformado num Corpo de Protecção, que apenas camufla a sua
existência. O seu objectivo primordial mantém-se: um Kosovo etnicamente
limpo, um passo para a independência.
EXP. - O conflito tem-se extremado em torno da cidade dividida de
Mitrovica. Qual é a solução?
D. V. - Ninguém é a favor de cidades divididas. Mas não podemos falar da
preservação da composição multiétnica só numa parte da cidade, quando
no resto da província há limpeza étnica. É obrigação da comunidade
internacional cumprir a sua missão, e ela tem todas as condições para
influenciar o comportamento dos grupos extremistas albaneses e criar as
condições para que os refugiados regressem.
EXP. - Já houve contactos com Belgrado?
D. V. - Nunca, e é um dos erros. Prepara-se o recenseamento da
população, quando há 300-350 mil refugiados e sabe-se que 150 a 200 mil
pessoas entraram no Kosovo e não são cidadãos da província. As eleições
locais devem s
er organizadas com uma situação de segurança estabilizada. O chefe da
missão da ONU prepara uma Constituição, mas a propriedade das famílias
que foram obrigadas a fugir foi dada a outros. Não se fala da questão
chave, que
é o futuro estatuto político. Bernard Kouchner tenta cortar todos os
laços do Kosovo com a Jugoslávia e a Sérvia e prepara a situação para
eventualmente no futuro ser decretada a independência política.
EXP. - Que pretende a Sérvia para a próxima revisão do mandato da ONU?
D.V. - Se não for resolvido o problema da segurança, a Jugoslávia vai
exigir a retirada das forças internacionais do Kosovo. Há que fazer
alguma coisa. Qualquer solução que garanta a segurança é aceitável, só a
independên
cia é que não.
EXP. - E entrariam de novo as Forças Armadas Jugoslavas no Kosovo?
D.V. - Consideramos que podemos assegurar a paz e a segurança no Kosovo.
Talvez alguns elementos e o UCK queiram desafiar as forças de segurança.
Antes da entrada da NATO, havia problemas, mas a situação, do nosso
ponto d
e vista, era mais estável do que agora. Agora, no Sul da Sérvia,
praticamente repete-se o mesmo cenário: cria-se uma organização, os
membros chegam do Kosovo, do sector leste, sob controlo americano,
começam actos terrori
stas, atacam forças policiais, com o óbvio objectivo de limpar
etnicamente a região que fica ao lado do Kosovo.
EXP. - Prepara-se uma nova guerra?
D.V. - Temos dúvidas sobre o comportamento desses grupos albaneses. Há a
convicção que há certos interesses exteriores, que incitam à violência.
Em 1998, quando começaram os confrontos, não foram acções espontâneas,
mas e
m ligação com certos serviços no exterior. Agora, quando presença
internacional é tão forte, o facto de surgir uma organização que actua a
partir do Kosovo e que entra nessa zona, é obvio que o faz sob tácita
permissão de
ssas forças. Por causa disso, consideramos que factores internacionais
que estão incluídos na crise têm possibilidade de influenciar de maneira
determinante esses grupos. Porque permitem isto? Porque surge agora esse
movi
mento, quando a situação no Kosovo ainda não está estabilizada? É
território sérvio, temos o direito de combater o terrorismo, tal como
qualquer outro país.
EXP. - Mas a comunidade internacional acusa os extremistas de ambos os
lados de fomentar a tensão...
D.V. - Porque não se tem a coragem de dizer quem é responsável. Usa-se
uma explicação vaga, responsabilidade dos dois lados, mas não que a
responsabilidade é da parte albanesa. É fugir da realidade. E os
extremistas alban
eses interpretam esse comportamento como um apoio às suas ambições.
EXP. - Falemos do Montenegro, a quem a Sérvia decretou um bloqueio
económico. Porquê?
D.V. - As relações entre os dois membros da Federação não são ideais, há
divergências, mas é uma questão da política interna. Quanto ao embargo,
existem medidas dos dois lados, só que sente-se mais do lado do
Montenegro,
porque é mais dependente. A produção agrícola é muito importante para a
situação económica e social da Sérvia e por isso o Governo financia
certos produtos. No Montenegro, havia uma certa tendência para exportar
esses pro
dutos de primeira necessidade para outros países (Albânia, Bósnia,
Macedónia), a preços duas-três vezes mais elevados. Por essa razão
Belgrado limitou a exportação para o Montenegro, enviando apenas aquilo
que se consider
a ser suficiente e não como antes, em que se podia comprar tudo na
Sérvia e depois exportar.
EXP. - Mas a par do bloqueio económico, há questões ligadas à emissão de
programas televisivos que o Montenegro considera incitadores à tensão,
incidentes ligados à permanência e tipo de actividade do Exercito
Jugoslavo..
. A tensão está a ser levada até ao limite. Qual é esse limite,
sabendo-se que o Montenegro já fez saber que se não lhe for dado
determinado espaço de autonomia, poderá ir até à independência?
D.V. - O Montenegro é uma República que, segundo a Constituição, tem o
direito a fazer as suas opções dentro e fora da Federação. Não lhe posso
dizer qual será o resultado, mas há uma via constitucional a seguir. No
iníci
o de 1992, houve um referendo, no qual os montenegrinos optaram por
ficar na Jugoslávia. Poderá eventualmente haver um novo referendo. Mas
no Montenegro existe uma polarização sobre o assunto, os partidos falam,
há diverg
ências, e o Governo ainda não optou por essa via. Estamos próximo das
eleições, talvez elas clarifiquem o problema.
Quanto às Forças Armadas Jugoslavas, a sua presença no Montenegro é
totalmente legítima. O incidente de Podgorica, em que as FA ocuparam o
aeroporto, tem a ver com o facto de se tratar de um terreno que é sua
propriedade,
e onde se queria construir instalações para as forças de segurança do
Montenegro. As FA reclamaram a autorização do Governo federal para isso.
No fundo, são também problemas de uma Federação.
EXP. - A Federação jugoslava é particular, na prática só existe no
papel: o Governo federal governa na Sérvia, e o Governo do Montenegro
não aceita a sua autoridade...
D.V. - Temos um Governo federal chefiado por um montenegrino e diversos
ministros também. Ele tem maioria no parlamento federal. O governo do
Montenegro diz, todavia, que deve ser ele a designar o primeiro-ministro
federa
l. Não é uma situação feliz, é verdade.
EXP. - O Presidente jugoslavo, Slobodan Milosevic, aceitaria a
independência do Montenegro?
D.V. - Numa entrevista recente, Milosevic disse que o povo montenegrino
tem todo o direito de decidir o seu futuro, mas que temos uma
Constituição - que pode ser corrigida, mas que também deve ser
respeitada. A posição é
clara: o Montenegro é uma República, foi no passado um Estado
independente, tem o direito de decidir o seu futuro. Mas a situação no
Montenegro é complicada, há uma polarização sobre esse assunto. O
Presidente montenegrin
o, Milo Djukanovic, diz que boa parte dos cidadãos da república não
aceita a ideia da independência, o que tem de ser levado em
consideração. É uma análise realista. A situação ainda não está madura.
EXP. - Essa polarização passa pela fractura étnica entre sérvios e
montenegrinos?
D.V. - Não. No Montenegro há gente que se considera sérvia - é a velha
questão se existe ou não nação montenegrina. Oficialmente existe. É uma
polarização face à questão da independência ou não, e a população sérvia
não o
pode decidir. Num referendo, só poderiam votar os cidadãos do
Montenegro (sérvios e montenegrinos).
EXP. - Vai haver eleições na Sérvia. O Governo vai aceitar as
reivindicações da oposição?
D.V. - O calendário prevê para este ano eleições locais e federais e, em
2001, eleições na Sérvia. Não vejo agora sinais para eleições
antecipadas. Estou a interpretar aquilo que pressinto, não há
declarações oficiais.
EXP. - Permanece um mistério os sucessivos assassínios, o último deles o
ministro da Defesa. Como foi possível?
D.V. - Até agora não há resultados conhecidos da investigação. Foi um
atentado feito por profissionais e, por isso, também não é fácil
fazê-la.
EXP. - Qual é a situação económica da Sérvia?
D.V. - Muito complexa, mas poderia ter sido pior. Houve esforço muito
grande para reconstruir algumas infra-estruturas de primeira necessidade
e
enfrentar o Inverno. Reconstruíram-se pontes e centrais eléctricas,
estamos
agora na segunda fase. Achamos que a comunidade internacional deve
participar nessa reconstrução - há, aliás, uma queixa no Tribunal
Internacional, na qual a Jugoslávia reclama uma indemnização pelas
infra-
estruturas destruídas.
EXP. - A União Europeia diz que parte da sua ajuda não chegou aos
destinatários...
D.V. - A UE faz uma ajuda selectiva. Do ponto de vista ético, é difícil
de
aceitar que só se dê ajuda às Câmaras da oposição. Em princípio, essa
assistência não devia ser assim restrita. Mas esses problemas estão
normalizados.
L.M
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Via Workers World News Service
Reprinted from the March 23, 2000
issue of Workers World newspaper
-------------------------
Interview in Kosovo
'Every day KLA terrorists kill a Serb'
Following are excerpts from an interview with Zoran Andjelkovic, head of
the
Center for Peace and Tolerance in Kosovo. Michel Collon, correspondent
of
Solidaire, the weekly newspaper of the Workers Party of Belgium,
conducted
the interview in Yugoslavia on Feb. 20. It was translated from the
French by
Paddy Colligan.
MC: Was your Center for Peace and Tolerance created to defend the Serbs?
ZA: No, it was set up earlier than that--during the summer of 1998--to
promote harmony among the various nationalities. Its first action, in
September 1998, was to bring humanitarian aid to Albanians fleeing from
the
region of Decani because of confrontations between the separatist KLA
and the
police. We helped them go back to their homes.
MC: And since NATO occupied Kosovo?
ZA: The Serbs no longer had anyone to help them, not the government, nor
the
army, nor the police. They could only turn to KFOR. But when they called
and
asked for help, the Albanian interpreters immediately hung up the
telephone.
MC: Are there still Serbs in Kosovo?
ZA: That varies by region. In the major cities of the south--Pec,
Prizren,
Decani--none. They have all been kicked out.
There are still a few villages that are completely isolated and
encircled.
And Orahovac, a big enclave, or let's call it a ghetto, where 2,000
Serbs are
shut in and cut off from everything. Yesterday I learned that they
burned
down two houses, right inside the enclave.
The KLA wants to eliminate them completely; the Serb population has been
cut
in half in recent months. Near Gnjilane in the American sector, there
are
still a few hundred Serbs in the villages. Yesterday two were killed.
They
were shot in the back trying to go to a gas station.
Forty thousand Serbs were living in Pristina, the capital. Now there are
scarcely 400, and they are forced to stay in their apartments because
there
have been a lot of murders.
Kosovska Mitrovica is now the only multi-ethnic city. It is the only
region
[about one-sixth of Kosovo] where the Serbs have managed to stay on. But
the
KLA wants to chase them out in order to complete "cleansing" the
province.
MC: Also because this region has the rich mines of Trepca?
ZA: Of course. The mines are in the southern sector [Albanian] of
Mitrovica.
But the processing plants, which are essential, are in the north. The
KLA
wants to control everything.
MC: NATO declared that it wants to establish a multi-ethnic Kosovo.
ZA: I think it would take a major effort to move towards a multi-ethnic
Kosovo. But they are not talking about a multi-ethnic Kosovo anymore.
[Interruption. He receives a call on his portable phone.] There it is!
KFOR
just took over the Serbian University of Mitrovica. They broke doors and
windows, destroyed documents. A big demonstration by the KLA has been
announced. I fear for the worst.
You know, there are people who were killed after I persuaded them to
stay.
That is terrible to live with.
MC: Doesn't KFOR protect the Serbs?
ZA: I took [British] General [Michael] Jackson to Serb gatherings many
times.
He listened to their grievances. But he has not taken care of one of
their
demands. KFOR would have been able to keep a lot of Serbs in Pristina
just by
protecting a hundred buildings. I asked him to. Jackson answered me: "I
don't
have enough soldiers to put in every building."
In reality, the decisions aren't made here, they are made in Washington.
MC: In sum, NATO hardly seems to be a "force for peace."
ZA: Today, no one is still talking about a political solution. But today
the
most basic rights of the Serbs are trampled on. Every day a Serb is
killed by
the KLA terrorists. Some 800 people have been kidnapped. How many of
them has
KFOR found? Not one.
MC: Is this because KFOR hasn't been able to control the KLA?
ZA: KFOR doesn't want to control the KLA. When the KLA was unable to
kick the
Serb workers out of the factories, it was KFOR itself that took care of
it.
It took control of the business "because of problems with the rules."
MC: Are the rivalries between the major Western powers being brought out
as
they try to corner the riches of Kosovo?
ZA: [Yes], the British, for example, have chosen to focus on the
electric
generating industry. Now they say that it would be too costly to invest
there
and they would rather appropriate the Mitrovica mines [in the French
sector].
MC: What do you see for Kosovo's future?
ZA: [After a deep sigh] No one can answer that.
--------- COORDINAMENTO ROMANO PER LA JUGOSLAVIA -----------
RIMSKI SAVEZ ZA JUGOSLAVIJU
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